Por ter um dos menores índices de falha entre os contraceptivos reversíveis – aqueles que não afetam a fertilidade após a interrupção do uso -, os dispositivos intrauterinos (DIUs) são métodos muito utilizados na Europa e nos Estados Unidos, embora ainda não seja muito popular no Brasil. Isso ocorre, principalmente, devido ao desconhecimento sobre os métodos contraceptivos e aos diversos mitos perpetuados sobre os DIUs, como, por exemplo, de que eles só podem ser utilizados por mulheres que já tiveram filhos, ou de que causam infertilidade – questões que diversos estudos já provaram não ser verdade.
O DIU é um dispositivo inserido no útero que age dificultando a fecundação do óvulo pelo espermatozoide. Existem dois principais modelos desses dispositivos: o DIU de cobre (não hormonal) e o DIU hormonal (também conhecido como SIU), que libera baixas taxas de progesterona de forma localizada. Cada um deles é recomendado para diferentes situações, dependendo das expectativas da paciente.
A eficácia contraceptiva da pílula anticoncepcional, por exemplo, pode parecer alta sob um primeiro olhar: as chances de falha, em uso perfeito, são de apenas 0,3%. Acontece que o uso perfeito desse método significa tomar a pílula todos os dias e sem falhas, o que muitas pacientes não conseguem cumprir. Além disso, a eficácia da pílula é diminuída drasticamente por outros fatores, muitas vezes fora do controle da usuária: uso de alguns medicamentos como antibióticos, consumo de bebidas alcoólicas, doenças e problemas intestinais (como vômitos ou diarreia), entre outros. A consequência de tudo isso é que, apesar de uma baixa taxa de falha na teoria, na prática, a pílula anticoncepcional possui cerca de 9% de chance de não funcionar.
E esse não é um problema apenas da pílula: a taxa de falha da camisinha masculina, em uso perfeito, é de 5% – em uso típico, ou seja, considerando possíveis variáveis, essa taxa sobe para 21%.
Essa diferença de eficácia acontece porque esses métodos estão sujeitos a uma série de fatores externos, como disciplina dos usuários e interações medicamentosas. Por outro lado, o DIU é o que chamamos de um contraceptivo a longo prazo, ou seja, após inserido ele atua por vários anos sem depender do comportamento da usuária, o que diminui muito suas chances de falha.
Sabendo de todos estes fatos, a principal dúvida de muitas mulheres é decidir entre o DIU de cobre ou hormonal. Mostraremos aqui as principais diferenças e benefícios de cada um deles:
O DIU de cobre é um dispositivo pequeno e flexível, em forma de T, que é colocado no interior do útero. Ele atua em diferentes etapas para impedir a gravidez. Inicialmente, o DIU de cobre libera íons que imobilizam os espermatozoides e dificultam bastante a sua motilidade dentro do útero, dificultando assim a fecundação. Se mesmo assim os espermatozoides conseguem ultrapassar essa barreira, o DIU age dificultando a implantação do ovo fecundado na cavidade uterina.
A eficácia do DIU de cobre é de 99,4% em uso perfeito e 99,2% em uso típico. Após inserido, ele pode durar de 3 a 10 anos, dependendo do modelo, sendo necessários apenas exames de rotina para verificar se não houve algum deslocamento do mesmo. Ele não interfere na fertilidade, que é rapidamente reestabelecida após a sua retirada. Por não possuir hormônios, ele não diminui o fluxo menstrual, não interfere na libido e não possui efeitos colaterais.
O DIU de cobre é indicado para mulheres que não desejam interrupção do seu ciclo menstrual, e para aquelas que não querem ou não podem utilizar hormônios. Ele não incomoda durante as relações sexuais, e pode ser utilizado mesmo por mulheres que nunca engravidaram, por adolescentes e durante o período de amamentação.
O funcionamento do DIU hormonal é parecido com o do DIU de cobre: ele funciona impedindo a passagem dos espermatozoides. Ele libera, de forma controlada, doses baixas de progesterona, o que deixa a camada do útero fina, diminuindo ou até mesmo cessando o fluxo menstrual.
O DIU hormonal não possui estrogênio em sua composição, hormônio presente na pílula anticoncepcional e que está associado ao risco de trombose. O índice de falha é ainda menor que o do DIU de cobre, tendo uma eficácia de 99,7%. Ele reduz em 90% o fluxo menstrual, e cerca de 50-60% das mulheres que o utilizam param de menstruar. Além disso, ele diminui drasticamente a ocorrência de cólicas menstruais. Sua duração é de 5 anos.
O DIU hormonal é indicado para mulheres que possuem fluxo menstrual intenso e que desejam reduzi-lo. Ele também é recomendado para mulheres portadoras de endometriose, porque diminui bastante as cólicas menstruais.
Cada mulher tem uma necessidade diferente e uma opção que melhor se adapta à sua rotina. Com esse texto você já conseguiu ver quais são as diferenças entre DIU de cobre e hormonal e entender mais sobre cada um. Porém, a escolha de qual método anticoncepcional utilizar deve ser discutida com o seu médico, para melhor adaptação à sua saúde e estilo de vida.
É importante lembrar também que as camisinhas (masculina e feminina) são os únicos métodos que previnem a transmissão de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), e devem sempre ser utilizadas junto ao método contraceptivo escolhido.
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Responsável pelo conteúdo: Dr Rogério Augusto Pinto da Silva - CRM: 13323 - MG. Currículo Lattes. http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4728497Y9